A jardinagem caótica está se destacando como uma abordagem ousada e sustentável que desafia os padrões tradicionais de organização e controle dos espaços verdes. Em vez de linhas retas, simetria e podas frequentes, esse estilo propõe um retorno à natureza selvagem, privilegiando o crescimento espontâneo, a biodiversidade e o reaproveitamento de materiais. Neste guia completo, você vai descobrir desde os conceitos básicos até os passos para montar seu próprio jardim caótico, entender seus benefícios ecológicos e explorar inspirações reais.
Para quem busca um estilo de jardinagem que seja visualmente rico, ambientalmente inteligente e de baixa manutenção, essa pode ser a revolução verde que faltava no seu quintal.
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Table of Contents
O Que é Jardinagem Caótica?
Definição e princípios básicos da jardinagem caótica
A jardinagem caótica é uma prática que promove o crescimento natural das plantas, sem grandes intervenções humanas. Aqui, o “caos” não significa desorganização total, mas sim um planejamento estratégico que valoriza a liberdade vegetal, o uso de espécies nativas e a regeneração espontânea da natureza. É uma filosofia de jardinagem onde o imprevisível faz parte da estética.
Ela surgiu como contraponto ao paisagismo tradicional, que tende a ser rígido, simétrico e intensivo em insumos e manutenção. No jardim caótico, o solo é pouco revolvido, o crescimento das plantas é incentivado de forma orgânica e as podas são mínimas, apenas para evitar riscos ou invasões.
Essa técnica também se relaciona com movimentos ecológicos como o permaculturalismo e o rewilding (renaturalização), favorecendo a fauna local, controlando naturalmente pragas e promovendo a sustentabilidade.
Como surgiu o movimento e por que está ganhando força
Embora o termo “jardinagem caótica” tenha se popularizado nos últimos anos, o conceito tem raízes antigas, inspirando-se na forma como os ecossistemas funcionam sem interferência humana. Na Europa, especialmente em países como Alemanha e Inglaterra, esse modelo começou a ser aplicado em projetos públicos e comunitários como uma forma de reduzir custos e restaurar áreas degradadas.
No Brasil, a jardinagem caótica vem crescendo entre amantes de plantas, designers de paisagens e ambientalistas urbanos. Com a valorização das plantas nativas e o desejo de transformar varandas, quintais e até calçadas em micro ecossistemas, a prática ganhou ainda mais destaque após a pandemia de COVID-19, quando a reconexão com a natureza tornou-se uma necessidade emocional e física.
Hoje, a jardinagem caótica não é apenas uma tendência estética: ela é uma escolha ambiental. E o melhor? Pode ser adaptada a qualquer espaço — de pequenos vasos em apartamentos a grandes quintais suburbanos.
Benefícios da Jardinagem Caótica para Ambientes Urbanos
Vantagens ecológicas e regenerativas
A jardinagem caótica traz inúmeros benefícios ambientais, especialmente em áreas urbanas densas e com poucos espaços verdes. Ao valorizar o crescimento espontâneo e o uso de espécies nativas, ela contribui significativamente para a regeneração de solos, a melhora da qualidade do ar e o controle natural de pragas.
Em vez de depender de pesticidas, adubos químicos e irrigações intensas, o jardim caótico promove um equilíbrio ecológico entre plantas, insetos e micro-organismos do solo. Esse ciclo natural regenera o ambiente, melhora a estrutura do solo e reduz a compactação causada por técnicas tradicionais.
Outra vantagem notável é a captura de carbono. Plantas com crescimento livre e raízes profundas ajudam a armazenar carbono no solo, combatendo os efeitos das mudanças climáticas de forma orgânica.
Além disso, a jardinagem caótica reduz drasticamente a geração de resíduos. Folhas caídas, galhos secos e flores murchas são reutilizados como cobertura morta (mulching), ajudando na retenção de umidade e fornecendo nutrientes ao solo.
Confira também nosso conteúdo sobre design ecológico em paisagismo regenerativo e descubra como criar jardins produtivos e sustentáveis.
Impacto visual e sensorial em jardins urbanos
Do ponto de vista estético, a jardinagem caótica quebra com a ideia de que um jardim bonito precisa ser perfeitamente podado ou geometricamente simétrico. Ela cria um visual mais orgânico, com texturas variadas, cores contrastantes e uma sensação de vida em movimento.
Essa riqueza visual estimula os sentidos — a variedade de cores, os aromas das flores nativas, o som dos insetos e o toque das diferentes folhas criam uma experiência sensorial completa. Em centros urbanos, isso pode transformar pequenos espaços esquecidos em verdadeiros oásis de biodiversidade.
Além disso, esses jardins têm grande apelo emocional. Muitos estudos apontam que a exposição a espaços verdes naturais, especialmente os com aparência “selvagem”, ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão. Um jardim caótico pode ser mais terapêutico do que qualquer design simétrico ou artificial.
Do ponto de vista social, áreas com vegetação espontânea tendem a promover maior engajamento da comunidade local, especialmente quando implantadas em praças públicas, calçadas e áreas escolares.
Quer ver um exemplo na prática? Descubra como a Jardimedecor transformou um espaço urbano no Jardim das Orquídeas, criando uma paisagem viva e caótica de rara beleza.
Como Começar com Jardinagem Caótica em Casa
Etapas práticas para criar um jardim caótico

Criar um jardim caótico pode parecer simples à primeira vista, mas exige observação, sensibilidade e respeito pelos ciclos da natureza. O primeiro passo é desapegar da ideia de controle total. Aqui, o objetivo não é organizar, mas permitir que o ecossistema encontre seu próprio equilíbrio.
Passo 1: Observe o espaço.
Note a incidência de luz, a umidade natural do solo, o fluxo da água da chuva e o tipo de solo. Evite fazer grandes alterações no relevo. A jardinagem caótica funciona melhor quando você adapta o projeto às condições naturais do local, e não o contrário.
Passo 2: Evite capinar completamente.
A vegetação espontânea — muitas vezes chamada de “mato” — pode conter plantas benéficas e espécies nativas que ajudam a cobrir o solo e a atrair insetos polinizadores. Ao invés de arrancar tudo, selecione o que pode permanecer.
Passo 3: Introduza espécies nativas e adaptadas.
Plantas como capim-dourado, ora-pro-nóbis, samambaias, lírios-do-brejo e trepadeiras locais são ideais para começar. Elas já estão adaptadas ao clima e solo da sua região, exigindo menos cuidados.
Passo 4: Utilize cobertura orgânica.
Folhas secas, galhos, serragem, palha e restos de poda podem cobrir o solo, mantendo a umidade e alimentando os micro-organismos naturais.
Passo 5: Deixe espaço para o acaso.
Evite podar com frequência. Deixe as plantas crescerem, se espalharem e interagirem naturalmente. O jardim caótico não é sobre perfeição, mas sobre processos vivos.
Dica importante: você pode fazer isso até mesmo em um apartamento! Vasos grandes com solo vivo, jardineiras com espécies nativas e paredes verdes são formas de trazer o caos natural para ambientes compactos.
Confira também nosso conteúdo sobre como cultivar plantas nativas em vasos no artigo Cultivo sustentável em pequenos espaços.
Seleção de plantas nativas e espontâneas
Selecionar plantas para um jardim caótico exige olhar mais para a funcionalidade e menos para a estética convencional. O foco está em espécies resistentes, regenerativas e com potencial de atrair vida.
Abaixo, uma tabela simples com sugestões para iniciar seu jardim:
Nome Popular | Nome Científico | Tipo | Solo Ideal |
---|---|---|---|
Capim-dourado | Syngonanthus nitens | Gramínea | Arenoso e seco |
Lírio-do-brejo | Hedychium coronarium | Herbácea | Úmido e sombreado |
Taioba | Xanthosoma sagittifolium | Folhosa | Rico em matéria orgânica |
Hibisco rosa | Hibiscus rosa-sinensis | Arbusto | Bem drenado |
Boldo-da-terra | Plectranthus barbatus | Medicinal | Arenoso e seco |
Erva-cidreira | Melissa officinalis | Aromática | Fértil e úmido |
Essas espécies contribuem para a biodiversidade, são de baixa manutenção e muitas têm usos medicinais ou culinários. Além disso, são excelentes para atrair abelhas, borboletas e outros insetos benéficos.
Comece com poucas mudas, observe o comportamento das plantas e vá expandindo conforme o jardim “responde”.
Jardinagem Caótica vs Jardinagem Tradicional
Comparação entre estética e manutenção
A jardinagem tradicional segue princípios visuais clássicos: canteiros alinhados, podas regulares, solo revolvido, plantas ornamentais controladas. Já a jardinagem caótica quebra todos esses padrões, apresentando uma estética selvagem, viva e em constante mudança. A aparência é mais natural, como uma pequena floresta que se autorregula.
Em termos de manutenção, a diferença é enorme:
Aspecto | Jardinagem Tradicional | Jardinagem Caótica |
---|---|---|
Frequência de poda | Alta | Baixa |
Tipo de plantas | Ornamentais, exóticas | Nativas, espontâneas, rústicas |
Solo | Revolvido, adubado quimicamente | Não revolvido, regenerado naturalmente |
Controle de pragas | Químico ou mecânico | Natural (predadores, equilíbrio ecológico) |
Estética | Limpa, simétrica, planejada | Orgânica, assimétrica, espontânea |
Enquanto o paisagismo convencional busca um controle visual rígido, a jardinagem caótica aceita a beleza do descontrole. Isso reduz custos com irrigação, adubação e manutenção, o que a torna ideal para cidades que querem “verder” mais gastando menos.
Por que o caos pode ser mais sustentável?
A sustentabilidade está no centro da jardinagem caótica. Ao evitar insumos industriais e priorizar soluções naturais, esse modelo:
- Reduz o uso de água, graças à cobertura morta e à vegetação densa, que retêm a umidade no solo.
- Dispensa fertilizantes artificiais, pois o próprio ecossistema se nutre dos resíduos das plantas.
- Favorece a biodiversidade, criando micro-habitats para insetos, pássaros e até pequenos répteis.
- Evita o descarte excessivo, pois folhas e galhos permanecem no jardim, alimentando o ciclo natural.
- Cria resiliência climática, já que as plantas nativas resistem melhor a mudanças de clima e pragas.
Diferente do tradicional, o jardim caótico não exige um “jardineiro-mantenedor”, mas sim um “observador-curador”. O papel da pessoa é guiar o processo natural — e não controlar.
Descubra mais sobre os impactos ambientais da jardinagem moderna em nosso artigo Paisagismo sustentável e regenerativo.
Espécies Recomendadas para Jardinagem Caótica
Plantas ideais para ambientes tropicais e urbanos
Na jardinagem caótica, a seleção de plantas é estratégica: quanto mais adaptadas ao ambiente, menos intervenção elas exigem. Isso torna as espécies nativas, rústicas ou espontâneas as grandes protagonistas. Em climas tropicais como o do Brasil, essa diversidade é uma vantagem — há dezenas de opções resilientes, ornamentais e úteis.
As melhores plantas para esse estilo são:
- Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata): comestível, resistente e excelente para cercas vivas.
- Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis): florido, arbustivo, atrai polinizadores e requer pouca manutenção.
- Taioba (Xanthosoma sagittifolium): com folhas largas e grande presença visual, cresce bem em solos úmidos.
- Capim-dourado (Syngonanthus nitens): decorativo e ótimo para solo arenoso.
- Barba-de-serpente (Ophiopogon jaburan): folhagem baixa, resistente e de visual único.
- Maranta (Maranta leuconeura): conhecida como planta rezadeira, ideal para sombra e alta umidade.
- Ervas espontâneas (caruru, tanchagem, serralha): surgem naturalmente e enriquecem o solo.
Essas plantas se destacam por exigir menos água, resistir a pragas locais e manter o solo coberto, o que é essencial para o ciclo ecológico do jardim caótico.
Tabelas com nomes populares, científicos e exigências de solo
Aqui está uma tabela com algumas das espécies mais recomendadas para aplicar em qualquer jardim caótico, seja em quintais urbanos ou sítios:
Nome Popular | Nome Científico | Tipo | Solo Ideal | Luz |
---|---|---|---|---|
Ora-pro-nóbis | Pereskia aculeata | Trepadeira | Rico e bem drenado | Sol pleno |
Hibisco | Hibiscus rosa-sinensis | Arbusto | Fértil e leve | Sol pleno |
Taioba | Xanthosoma sagittifolium | Folhosa | Úmido, matéria orgânica | Meia sombra |
Capim-dourado | Syngonanthus nitens | Gramínea | Arenoso e seco | Sol pleno |
Maranta | Maranta leuconeura | Herbácea | Rico e úmido | Sombra |
Tanchagem | Plantago major | Espontânea | Qualquer tipo | Sol/meia sombra |
Caruru | Amaranthus sp. | Espontânea | Solo fértil | Sol pleno |
Essas plantas criam um ecossistema dinâmico, e o ideal é misturar tipos com diferentes alturas, raízes e formas de crescimento para promover uma biodiversidade funcional.
Plantar variedades que florescem em épocas diferentes também garante cor o ano inteiro e alimentação contínua para abelhas e outros polinizadores.
Elementos de Design na Jardinagem Caótica
Como usar texturas, alturas e cores naturais
Embora a jardinagem caótica pareça totalmente livre, ela pode — e deve — considerar alguns princípios de design orgânico para criar composições visualmente ricas e equilibradas. A diferença é que, ao contrário do paisagismo tradicional, não há rigidez ou simetria, mas sim fluidez e respeito pela espontaneidade.
Texturas:
Misture folhas finas, largas, lisas e enrugadas para criar contraste natural. Exemplo: a combinação de samambaia (folhas leves) com costela-de-adão (folhas largas e recortadas) dá profundidade ao jardim.
Alturas:
Plantas com diferentes alturas criam uma paisagem viva e interessante. Use gramíneas baixas no primeiro plano, herbáceas médias no meio, e arbustos e pequenas árvores no fundo. Isso também favorece a criação de microclimas.
Cores:
As cores não são apenas decorativas — elas atraem fauna, indicam a saúde das plantas e podem marcar estações do ano. Evite monocromia. Flores como hibisco, lantana e camarão-vermelho trazem tons vivos e naturais ao ambiente.
Crie áreas de “respiro visual” — espaços sem plantas densas — para destacar determinadas espécies ou elementos naturais.
Descubra como compor paletas tropicais e naturais em nosso artigo Design de cores para jardins tropicais.
Incorporando caminhos, pedras e água sem planejamento rígido

Na jardinagem caótica, elementos como trilhas, pedras, troncos ou espelhos d’água devem parecer que “sempre estiveram ali”. Isso significa evitar linhas retas, ângulos definidos ou materiais industriais com acabamento polido.
Caminhos:
- Aposte em pisos de demolição, madeira reutilizada ou pedras irregulares dispostas em zigue-zague.
- Deixe a vegetação invadir parcialmente os caminhos, criando a sensação de integração com o solo.
Pedras:
- Pedras naturais de tamanhos variados dão peso ao cenário.
- Podem ser usadas como bancos improvisados ou marcadores visuais entre grupos de plantas.
Água:
- Um pequeno recipiente enterrado com plantas aquáticas e pedrinhas já vira um mini brejo.
- Pequenas bicas de água reaproveitada ou até um regador invertido criam umidade e som ambiente.
Galhos e madeira:
- Galhos caídos podem ser mantidos como abrigo para insetos e decoração rústica.
- Troncos cortados servem de bancos, degraus ou limites de canteiros.
Esses elementos devem se fundir à paisagem, sem interferir no crescimento natural das plantas. O segredo está em permitir que o jardim “engula” o design.
Jardinagem Caótica e Sustentabilidade
Relação com permacultura, agrofloresta e biodiversidade
A jardinagem caótica é mais do que uma estética rebelde — ela é profundamente enraizada em princípios ecológicos e sustentáveis, especialmente os da permacultura e da agrofloresta. Ambas visam integrar o ser humano aos sistemas naturais com o menor impacto possível, criando ambientes resilientes e produtivos.
Permacultura e jardinagem caótica:
- Ambas evitam o uso de fertilizantes sintéticos, pesticidas e irrigação excessiva.
- Reaproveitam restos orgânicos como cobertura de solo.
- Estimulam a observação da natureza como ferramenta de planejamento.
- Reduzem a intervenção humana, favorecendo o equilíbrio natural.
Agrofloresta:
- Embora mais produtiva (voltada para alimentos), a agrofloresta compartilha da ideia de diversidade funcional: cada planta tem um papel no sistema.
- Árvores maiores protegem espécies menores, o solo é sempre coberto, e o crescimento é misto e espontâneo.
Em jardins caóticos, essa lógica se aplica em menor escala, mas com os mesmos benefícios: aumento da fertilidade do solo, atração de polinizadores, melhoria do microclima local e estímulo à biodiversidade urbana.
Biodiversidade:
- Ao deixar o solo coberto com vegetação nativa, você cria um ecossistema vivo que abriga minhocas, fungos, microrganismos, insetos, pássaros e até pequenos répteis.
- Quanto maior a diversidade de plantas, maior a resistência do sistema contra pragas e doenças.
Esse tipo de jardim se transforma em refúgio ecológico, mesmo em meio ao concreto urbano.
Confira também nosso artigo sobre como criar ecossistemas urbanos com baixo custo, com ideias práticas de reaproveitamento.
Como reduzir o uso de recursos com técnicas caóticas
A jardinagem caótica reduz drasticamente o consumo de recursos naturais, financeiros e físicos. Veja como:
Recurso | Como é economizado |
---|---|
Água | Cobertura morta e sombreamento reduzem a evaporação |
Fertilizantes | Uso de compostagem e adubo verde |
Energia | Menor uso de ferramentas elétricas e irrigação |
Tempo | Menos manutenção, cortes e replantios |
Dinheiro | Uso de plantas espontâneas e locais |
Outro ponto crucial é que esse tipo de jardim praticamente zera a emissão de carbono associada a práticas convencionais. Afinal, não há uso de tratores, sopradores, fertilizantes industrializados ou transporte de insumos.
Você também pode incorporar técnicas como:
- Composteiras domésticas
- Captação de água da chuva
- Uso de materiais reciclados para bordas e canteiros
- Reutilização de vasos e móveis antigos
Exemplos Inspiradores de Jardinagem Caótica no Brasil
Projetos urbanos e residenciais de destaque
O Brasil, com sua rica biodiversidade e clima majoritariamente tropical, é um solo fértil — literalmente — para a aplicação da jardinagem caótica. Cada vez mais cidades, arquitetos paisagistas e cidadãos comuns estão adotando essa abordagem orgânica para transformar espaços urbanos, quintais e até calçadas.
Exemplos notáveis:
- Praça Victor Civita – São Paulo (SP)
Originalmente um terreno contaminado por resíduos industriais, essa praça foi regenerada com base em princípios ecológicos. Muitas áreas têm vegetação espontânea e espécies nativas que crescem livremente, com canteiros elevados e caminhos orgânicos. - Quintais urbanos em Belo Horizonte (MG)
Grupos de agroecologia e permacultura têm incentivado moradores a deixar a grama de lado e criar jardins biodiversos com plantas comestíveis, ervas medicinais e flores nativas, tudo sem podas regulares. - Jardins verticais improvisados no Rio de Janeiro (RJ)
Em comunidades, é comum o reaproveitamento de garrafas PET, vasos antigos e restos de madeira para construir hortas verticais cheias de plantas caóticas e coloridas. Nada simétrico, tudo vivo. - Pátios escolares no Sul do Brasil
Algumas escolas estão substituindo os “parquinhos de cimento” por espaços com grama alta, hortas caóticas e elementos naturais, permitindo que as crianças tenham contato direto com o processo natural de crescimento.
Esses projetos provam que a jardinagem caótica pode ser aplicada em diferentes escalas e com resultados belíssimos, sustentáveis e funcionais.
Estudo de caso: Jardim das Orquídeas da Jardimedecor
Um dos exemplos mais simbólicos de jardinagem caótica aplicada com sensibilidade e técnica é o Jardim das Orquídeas, desenvolvido pela equipe da Jardimedecor. Localizado em um bairro residencial, o espaço foi transformado em um oásis natural sem linhas retas ou simetria forçada.
Características principais:
- Uso exclusivo de espécies nativas e tropicais: orquídeas, samambaias, bromélias e plantas medicinais.
- Design baseado na ocupação espontânea do solo. O jardim foi montado a partir da observação da drenagem, da sombra e da vegetação que surgiu naturalmente.
- Trilhas orgânicas, feitas com pedras reaproveitadas, entremeadas com folhas secas e musgos.
- Inclusão de elementos naturais: troncos caídos, pedras locais e bacias com água da chuva criam pequenos habitats para insetos e aves.
O projeto se tornou referência em jardinagem sustentável e foi destaque em feiras de paisagismo e permacultura. Além disso, é frequentemente usado como modelo para consultoria ecológica, inspirando projetos em todo o Brasil.
Erros Comuns ao Praticar Jardinagem Caótica
O que evitar ao tentar criar o “caos planejado”
Apesar do nome, a jardinagem caótica não é simplesmente “deixar a natureza tomar conta sem critério”. O maior erro de iniciantes é confundir caos natural com abandono. Para que o jardim prospere, é preciso um equilíbrio sutil entre observação e intervenção mínima, mas consciente.
Veja os deslizes mais frequentes e como evitá-los:
1. Ignorar o solo
Mesmo com vegetação espontânea, um solo compactado ou pobre em matéria orgânica vai dificultar o desenvolvimento natural das plantas. Faça compostagem, use cobertura morta e observe o comportamento da vegetação.
2. Plantar espécies invasoras
Muitos caem na armadilha de incluir plantas exóticas, como a leucena ou o capim-colonião, que se espalham rapidamente e sufocam a biodiversidade local. Prefira sempre plantas nativas ou adaptadas à sua região.
3. Deixar o jardim fechado demais
Jardins caóticos excessivamente densos podem se tornar abafados, dificultando a circulação de ar e favorecendo doenças. Crie clareiras naturais e respeite os espaçamentos mínimos entre espécies.
4. Não podar nada, nunca
Sim, o objetivo é manter o crescimento livre. Mas algumas podas pontuais são importantes para evitar riscos (galhos sobre muros ou telhados), estimular a floração e controlar espécies dominantes.
5. Desorganização visual total
Mesmo no caos, é bom criar zonas ou agrupamentos: uma área para plantas altas, outra para aromáticas, uma trilha entre elas. Isso facilita o manejo e melhora a estética.
6. Falta de acompanhamento
A jardinagem caótica exige menos manutenção, mas precisa de observação constante. Verifique se há equilíbrio entre insetos, se o solo está saudável e se alguma planta está sufocando o restante.
Dica de ouro: tire fotos mensais do seu jardim. Assim, você observa a evolução, nota padrões e percebe o que precisa ser ajustado — sem recorrer a podas drásticas ou replantios.
Mitos e verdades sobre o estilo caótico
Afirmativa | Verdadeiro ou Falso | Explicação rápida |
---|---|---|
“Não preciso fazer nada no jardim caótico.” | FALSO | É necessário observar e intervir pontualmente. |
“Qualquer planta serve.” | FALSO | Plantas invasoras prejudicam o equilíbrio. |
“É mais barato do que jardinagem comum.” | VERDADEIRO | Gasta-se menos com insumos, irrigação e manutenção. |
“É feio ou bagunçado.” | FALSO | Quando bem conduzido, o jardim caótico é vibrante e estético. |
“Ajuda a salvar o meio ambiente.” | VERDADEIRO | Promove biodiversidade e reduz impactos ambientais. |
A jardinagem caótica, portanto, é uma prática que requer cuidado, paciência e sensibilidade, mas oferece um enorme retorno ambiental, visual e emocional.
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FAQ – Respondendo às Principais Dúvidas
Quais são os 7 tipos de jardinagem?
Os sete tipos mais comuns incluem: jardinagem tradicional, ornamental, vertical, comestível, aquática, caótica e japonesa. Cada uma tem técnicas e finalidades diferentes, e podem ser combinadas.
Qual é a diferença entre paisagismo e jardinagem?
Paisagismo envolve planejamento estético e funcional de ambientes externos. Já a jardinagem é a execução e manutenção das plantas nesse espaço, com foco no cultivo e cuidado.
Como iniciar a jardinagem?
Comece observando o espaço, escolha plantas adequadas ao clima local, prepare o solo com matéria orgânica e use cobertura natural. No estilo caótico, mantenha a espontaneidade como regra.
Como funciona o serviço de jardinagem?
O serviço de jardinagem inclui poda, plantio, controle de pragas e manutenção de áreas verdes. No estilo caótico, o jardineiro atua mais como um orientador e cuidador ecológico do espaço.